quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Deuses:. Raízes Antigas

Deuses:. Raízes Antigas


Ao iniciarmos nossos estudos na Arte Antiga e no paganismo celta, a primeira sensação que nos advém é de que estamos despertando para algo novo, mas na realidade estamos nos religando às antigas raízes pagãs, à verdadeira religião da natureza e da unidade, pois o nosso caminho é baseado na crença de Deuses e Deusas.
 Algumas pessoas, inicialmente, sentem uma certa dificuldade em relação à conexão com as Deusas. Isto acontece, principalmente, por conta de toda a influência da sociedade patriarcal dominante durante milênios, assim como pela manipulação da Igreja, para controlar o indíviduo através do medo e do "pecado". Tudo isso é tão forte que, às vezes, chega a causar crises de consciência e muito desconforto, tamanhos são os dogmas impregnados no ser.
 A Deusa Mãe é a essência feminina que foi reprimida durante a cristianização, principalmente para controlar o poder sobre a criação, ou seja, sobre a nossa criatividade e, assim, restringir a nossa liberdade. Não estamos aqui nos referindo a Jesus que, no nosso modo de ver, foi um grande Mestre e, tampouco, ao feminismo.
 O culto aos Deuses é conhecido, como: Antiga Religião, Caminhos Antigos ou, simplesmente, Arte Antiga e não se caracteriza como uma filosofia de vida. É, acima de tudo, uma religião e um caminho, muitas vezes, solitário de autoaprimoramento e autoconhecimento, que respeita à natureza, o próximo e principalmente a si mesmo.

Devido ao preconceito e a falta de informação, muitas pessoas ainda confundem paganismo com feitiçaria ou magia negra. Isso não é correto. E que fique bem claro: paganismo nada tem a haver com satanismo, magia negra ou qualquer outra cor que queiram denominá-la!
 Um dos ramos do paganismo que mais se popularizou foi a Wicca, idealizada por Gerald Gardner. Ressaltamos que a Wicca não é celta, pois reúne em si várias influências de outros panteões, além de trabalhar princípios herméticos com uma ritualística própria. Mas, que merece todo nosso respeito como um ramo pagão da Grande Mãe.
 Os caminhos pagãos que hoje, na essência, mais se aproximam dos antigos celtas são: o Druidismo e o Reconstrucionismo Celta.
Os celtas eram politeístas e adoravam inúmeros Deuses. Eles não possuíam o conceito de um Deus único, portanto, sua religião, ainda que diferente, guardava semelhanças básicas com a dos outros povos indo-europeus, viam os ciclos da natureza e a própria fertilidade num contexto comun, respeitando-os como um Todo, por isso cultuavam suas deidades ao ar livre.

A maioria das lendas e dos mitos celtas nos revelam a existência do Outro Mundo, oculto entre colinas, lagos, rios, névoas e bosques sagrados. Avalon é uma lenda, que através da ficção romanceada de Marion Zimmer nos leva aos textos de Mabinogion, Geoffrey de Monmouth, além dos contos mitológicos do Ciclo de Ulster, a Viagem de Mael Duin ou a Jornada de Melduin e os Immramas Sagrados, preservando assim todo o conhecimento ancestral deste povo.
Todavia, não devemos confundir a história com os princípios pela busca da espiritualidade, pois a nossa religiosidade não está apenas comprovada em fatos arqueológicos que, neste caso, servem para reforçar ainda mais, que as religiões politeístas buscam honrar os Deuses e equilibrar as energias da natureza dentro de nós, dando-nos a esperança de viver num mundo melhor e mais justo.
 Lembrando que, do ponto de vista da história das religiões, existem apenas três religiões monoteístas: o islamismo, o judaísmo e o cristianismo. Sendo assim, todas as demais religiões da pré-história, até a atualidade, são conhecidas como politeístas.

As crenças pagãs começaram a tomar forma na era paleolítica, aproximadamente há vinte e cinco mil anos atrás. Neste período, o ser humano era nômade, suas fontes de subsistência, basicamente, vinham da caça e da colheita. Além do mais, tudo era muito misterioso e assustador para eles, naquela época, como: o trovão, o sol, a lua e a escuridão.

O mundo era um lugar cheio de grandes perigos e forças estranhas, que deveriam ser temidas, respeitadas e reverenciadas. Com o tempo, o conceito dessas forças foi evoluindo para a idealização dos Deuses. Um dos primeiros e, o mais importante Deus primitivo, foi possivelmente Cernunnos, o Deus de Chifres, formando na mente do homem antigo, a idéia de um Deus da Caça com chifres, simbolizando a força e o poder, mas, erroneamente comparado ao 'diabo' na visão judaíco-cristã.

Contudo, não era apenas de caçadas que a tribo sobrevivia, havia o grande mistério da fertilidade. As tribos precisavam perpetuar a espécie e de tempos em tempos, a barriga das mulheres crescia e, no final de algumas luas, surgia mais um novo membro para a tribo. No inicio frágil e pequeno, mas com o passar dos meses crescia, tornando-se um ser grande e forte, dando garantia e continuidade às futuras gerações.

A mulher era a chave de todo esse mistério, um ser enigmático, que além de sangrar todo mês, sem que viesse a falecer. Ela era a responsável pela continuação do clã e também pela alimentação dos seus filhos, com o leite do seu próprio corpo.
 A partir dessa observação, surge então a Deusa da Fertilidade, dando origem às várias esculturas de figuras pré-históricas, como a famosa escultura de Vênus de Willendorf, destacando-se pelos seios enormes, o ventre volumoso e a vulva protuberante. Posteriormente, encontramos relatos sobre Dana com uma Deusa da fertilidade, considerada a mãe dos Deuses irlandeses.


"Mesmo na guerra as Deusas são proeminentes na Irlanda. Deuses celtas e os heróis são freqüentemente chamados depois do nome de suas mães e não de seus pais, e as mulheres em grande parte dos contos irlandeses, desempenham um papel muito importante. As Deusas dão seu nome aos grupos dos Deuses, suas ações são livres e sua personalidade é claramente definida." J.A. Macculloch - A Religião dos Antigos Celtas.
 Enfim, o paganismo é uma religião politeísta, que honra diversos Deuses e Deusas. Não existe o conceito de apenas uma única deidade, pois temos a visão da natureza como a Grande Mãe, embora ela não seja uma deidade específica, Ela é, para nós, a fonte criadora de toda a vida, de onde tudo veio e para onde tudo rertonará, inclusive os Deuses. Bênçãos plenas!

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