quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Tradições Masculinas

Tradições Masculinas


Os mistérios masculinos sempre tiveram seu lugar em muitas expressões da religião pagã. Para um Pagão, a espiritualidade masculina é respeitada como uma expressão do Deus em suas muitas formas. Homens pagãos buscam inspiração no Deus de Chifres e em outros aspectos da Divindade masculina, procurando alcançar dentro de si mesmos uma visão de sabedoria, força e amor. O Movimento Masculino é uma força de união em todo o mundo, constituindo uma expressão mais abrangente de uma espiritualidade masculina recém-desperta. Os homens estão questionando os papéis que a sociedade lhes atribui, procurando em seu interior por uma nova compreensão do espírito masculino.

Em busca de uma espiritualidade masculina mais profunda, as tradições masculinas de expressão espiritual assumem diversas formas. Alguns homens trabalham nas tradições pagãs estabelecidas, ao passo que outros criaram grupos específicos de mistérios masculinos, dedicados a explorar a relação dos homens com o Divino. Alguns grupos de mistérios masculinos voltaram-se para mitos antigos e tradições de sociedades tribais, outros para os cultos iniciáticos pagãos, tais como o de Mitra, o Deus das legiões romanas. Alguns outros baseiam seu trabalho na obra literária de R. J. "Bob" Stewart.
 Dois homens que têm tido uma forte influência em como outros estão buscando encontrar-se são o psicólogo John Rowan, com seu livro "The Horned God", e o poeta e autor Robert Bly, com seu best seller "Iron John". Ambos são colaboradores em "Choirs of the God", um livro que explora a espiritualidade masculina.
 
"A busca de imagens masculinas alternativas inicia, para muitos homens, com os Deuses pagãos e as figuras míticas suprimidas pelo cristianismo. A mitologia celta e o Ocultismo ocidental formam a base de muitas das tentativas recentes de revisar a masculinidade. Sentir o 'Poder Masculino na Terra' ou contatar 'O Deus Interior' esclarecem a realidade da masculinidade no mundo moderno, enquanto nos fornecem visões — do passado, do inconsciente, do reino dos Deuses — de um modo diferente de ser homem."

 
Por John Matthews ed., Choirs of the God: Revisioning Masculinity, Mandala, 1991.


O Deus Triplice

O Deus Triplice


Conectar-se diretamente com o Deus é de suma importância no resgate de qualidades humanas esquecidas no tempo.
A exemplo da importância do número 3, o Deus também apresenta seu tríplice aspecto, cada qual com sua importância em relação à formação do homem social.

 
Passemos a Eles:

 O Cornífero

Freqüentemente chamado de o Doador da Vida, Mestre da Morte e Ressurreição, Deus das Sementes, Deus da Fertilidade.
Pode ser reconhecido como Cernunnos, Pã, Adônis e Osíris. Ele também é o Inefável.

Retratado incontáveis vezes em paredes de cavernas que datam do Paleolítico, bem como em expressões artísticas e religiosas das mais diversas civilizações, o Cornífero sempre foi o símbolo maior do Divino Masculino.

Os Chifres sempre foram o sinal pagão de algo Divino. Na Babilônia, por exemplo, o grau de importância dos Deuses era entendido ao número de chifres a Ele atribuídos. Alexandre, o Grande, declarou-se Deus ao tomar o trono do Egito tendo encomendando uma pintura sua ornada de chifres. O Alcorão faz menção a Alexandre como “Inskander Dh’l Karnain”, que significa “Alexandre dos Dois Chifres”. Uma alusão ao seu nome é preservada até hoje em tradição Alexandrina, na qual, Deus é chamado de Karnayana.

A interação com a Fauna mostra-se uma vez que o Deus Cornífero não é só o aspecto do Caçador, mas também é visto como sendo a própria caça. Nesse aspecto ele deve ser reconhecido como o animal do sacrifício, sacrificado para que possamos sobreviver durante os períodos de Samhain. Nessa faceta, o Deus também apresenta um lado mais obscuro. Um outro nome dado ao Deus Cornífero é “O Caçador”. O Grande Deus não só é um símbolo doador da vida, mas na sua retirada também, onde podemos perceber o eterno ciclo de nascimento, morte e renascimento. Ele às vezes é representado carregando um arco de caça.

Durante a expansão do cristianismo, cristãos adotaram a imagem do Deus Cornífero para a representação do seu diabo, cuja descrição física incluía os pés de animal e os chifres. Com essa atitude, a Igreja Cristã tentava demonstrar ao pagão que sua fé no paganismo era ruim, má. Porem, o diabo é a representação do Mal Absoluto, enquanto o Deus Cornífero não é visto dessa forma. O Cornífero é uma força da natureza, não completamente beneficente ou maleficente. No seu papel de Pai, Ele dá a vida. Já em sua morfologia de Caçador, Ele a toma, em forma de sacrifício necessário para a continuidade da raça.

Os primeiros clãs humanos sobreviveram graças, em grande parte aos caçadores e guerreiros. Caçava-se o gamo, que fornecia o alimento, agasalho e instrumentos confeccionados com chifres e cascos. O alce de tornou um símbolo de previsões, e na sua natureza de líder e protetor da amada, os caçadores primitivos identificaram algo próprio do clã. A rivalidade entre os machos pelas fêmeas, era, em muitos aspectos, simbólica das paixões com que os próprios homens lutavam. Resgatar a face conífera do Deus é um resgate dos Mistérios Masculinos.

Já escrevia o grande mitólogo Joseph Campbell em seu trabalho “Primitive Mythology”:

“Para os primitivos povos caçadores, os animais selvagens eram manifestações do desconhecido. A fonte de perigo e sobrevivência foi associada psicologicamente à tarefa de compartilhar o mundo silvestre com esses seres. Ocorreu uma identificação inconsciente, que se manifestou nos místicos totens meio humanos, meio animais das antigas tribos. Os animais tornaram-se tutores da humanidade. Por meio de imitações, as naturezas separadas de humanos e animais foram derrubadas e criou-se a União. O mesmo é verdade acerca das posteriores comunidades agrícolas, que viram os ciclos de vida e morte dos humanos refletidos nos ciclos das colheitas”.

O Green Man

 Quando adentramos nas sombras da floresta mística, encontramos um rosto que olha fixamente para nós: o Green Man, mascarado com folhagens e galhos que formam seu rosto e saem de sua boca. O Green Man é um símbolo pré-cristão encontrado gravado na madeira e na pedra de templos e sepulturas pagãs, de igrejas e de catedrais medievais, e usado como ícone arquitetural da era Vitoriana, em uma área que se estende da Irlanda até o Leste da Rússia. Embora encontrado geralmente como um antigo símbolo celta, na verdade, suas origens e o significado original são encobertos no mistério. O nome data de 1939, quando a senhora Raglan (folclorista) encontra uma conexão entre as caras folhadas das igrejas inglesas e os contos do homem verde (ou “Jack, o verde”) do folclore irlandês.

Ele é o Mestre da Colheita e de toda a Natureza cultivada. Está relacionado aos grãos e ao desenvolvimento da agricultura. É o dominador da vida e do crescimento das plantas. Ele é nossa parcela do sátiro que nos traz alegria, a felicidade. Esta associado aos excessos e ao êxtase provocado pelo vinho, tão sagrado pelas culturas primitivas.

Nessa face, Ele assume vários papeis, principalmente o de Filho, e Amante da Deusa.

Diversas deidades ao longo da história humana representaram bem as características do Green Man. Abaixo, demonstramos algumas delas:

Dionísio Deus do vinho e da vegetação, que mostrou aos mortais como cultivar as videiras e fazer vinho. Foi identificado como o romano Baco.

Filho de Zeus, Dionísio normalmente é caracterizado como um deus da vegetação especificamente das arvores frutíferas - freqüentemente, representado em vasos bebendo em um chifre com ramos de videira.

Ele eventualmente tornou-se o popular deus do vinho e da alegria, e milagres do vinho eram reputadamente representados em certos festivais de teatro em sua homenagem. Dionísio também é caracterizado como uma divindade cujos mistérios inspiram a adoração ao êxtase e o culto às orgias. Estas celebrações frenéticas, que provavelmente se originaram com festivais primaveris, ocasionalmente, traziam libertinagem e intoxicações. Essa foi uma forma de adoração pela qual Dionísio tornou-se popular no séc. 11 a.C., na Itália, onde os mistérios dionisíacos eram chamados de Bacanália e, posteriormente, bacanais (os quais hoje, são sinônimo de orgias). As indulgências das Bacanálias se tornaram extremas e as celebrações foram proibidas pelo Senado romano em 186 a.C. Entretanto, no séc. I d.C., os mistérios dionisíacos eram ainda populares.
 Sileno: O sátiro Sileno era um seguidor fiel de Dionísio. Gordo, feio e beberrão, Sileno era extremamente sábio e passou grande parte de sua sabedoria ao deus. Nos festejos, costumava estar bêbado demais e recebia ajuda de alguns sátiros, ou seguia no lombo de um asno. Seus homônimos, os silenos, eram seres com aspectos de sátiros.

O Ancião

O Ancião é a ultima das faces do Deus e personifica a fonte máxima do conhecimento. É o senhor da Magia e da Morte. É ele que conduz os espíritos dos homens a Summerland. Está relacionado ao princípios dos tempos quando tudo era “escuridão”. Conhece todos os segredos do Universo. Está relacionado ao renascimento e à ligação com os outros mundos. É a face ancião que reverenciamos em Samhain.

Nessa época, com sua sabedoria infinita reconhecemos a importância da Morte como decorrência da vida. Segura em suas mãos o cajado, o elo de ligação entre a terra e o céu. Entre o sólido e o etéreo. Mede seus passos com o cuidado do conhecedor dos caminhos e de como podem ser traiçoeiros.

Devido ao aspecto idoso, é a personificação que representa o conhecimento de todos os mistérios que só a experiência pode proporcionais. É o Deus da Sabedoria, do bem e do mal não-absolutos. É a ele quem devemos recorrer e reverenciar nos momentos de dificuldade e anulação de qualquer tipo de malefício. Ele é o Deus da paz e do caos. Da harmonia e da desarmonia. O Ancião já passou pela jovialidade e energia do Cornífero, e pela maturidade, entusiasmo e força animal do Green Man. Acumulou toda a experiência que só o tempo pode proporcionar e distribuir a sabedoria por todo o mundo.

Alguns Deuses podem ser associados ao Ancião:

Dagda: O “Deus Eficaz” é o nome pelo qual era chamado o deus-chefe Eochaid Ollathair. Dagda era uma deidade dos magos, é o primeiro e o mais poderoso, grande guerreiro, habilidoso artífice, e o mais esperto de todos que possuem a vida e a morte.

Teutates: O Deus da intuição e do conhecimento celta.

Conhecer e, principalmente, alinhar-se à energia da Deusa e do Deus, representados em seus aspectos tríplices, é um desenvolvimento fundamental a qualquer um que queira sentir e principalmente compreender a Wicca.


Fonte: Wicca A Bruxaria Saindo das Sombras - Millenium






quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Deuses:. Raízes Antigas

Deuses:. Raízes Antigas


Ao iniciarmos nossos estudos na Arte Antiga e no paganismo celta, a primeira sensação que nos advém é de que estamos despertando para algo novo, mas na realidade estamos nos religando às antigas raízes pagãs, à verdadeira religião da natureza e da unidade, pois o nosso caminho é baseado na crença de Deuses e Deusas.
 Algumas pessoas, inicialmente, sentem uma certa dificuldade em relação à conexão com as Deusas. Isto acontece, principalmente, por conta de toda a influência da sociedade patriarcal dominante durante milênios, assim como pela manipulação da Igreja, para controlar o indíviduo através do medo e do "pecado". Tudo isso é tão forte que, às vezes, chega a causar crises de consciência e muito desconforto, tamanhos são os dogmas impregnados no ser.
 A Deusa Mãe é a essência feminina que foi reprimida durante a cristianização, principalmente para controlar o poder sobre a criação, ou seja, sobre a nossa criatividade e, assim, restringir a nossa liberdade. Não estamos aqui nos referindo a Jesus que, no nosso modo de ver, foi um grande Mestre e, tampouco, ao feminismo.
 O culto aos Deuses é conhecido, como: Antiga Religião, Caminhos Antigos ou, simplesmente, Arte Antiga e não se caracteriza como uma filosofia de vida. É, acima de tudo, uma religião e um caminho, muitas vezes, solitário de autoaprimoramento e autoconhecimento, que respeita à natureza, o próximo e principalmente a si mesmo.

Devido ao preconceito e a falta de informação, muitas pessoas ainda confundem paganismo com feitiçaria ou magia negra. Isso não é correto. E que fique bem claro: paganismo nada tem a haver com satanismo, magia negra ou qualquer outra cor que queiram denominá-la!
 Um dos ramos do paganismo que mais se popularizou foi a Wicca, idealizada por Gerald Gardner. Ressaltamos que a Wicca não é celta, pois reúne em si várias influências de outros panteões, além de trabalhar princípios herméticos com uma ritualística própria. Mas, que merece todo nosso respeito como um ramo pagão da Grande Mãe.
 Os caminhos pagãos que hoje, na essência, mais se aproximam dos antigos celtas são: o Druidismo e o Reconstrucionismo Celta.
Os celtas eram politeístas e adoravam inúmeros Deuses. Eles não possuíam o conceito de um Deus único, portanto, sua religião, ainda que diferente, guardava semelhanças básicas com a dos outros povos indo-europeus, viam os ciclos da natureza e a própria fertilidade num contexto comun, respeitando-os como um Todo, por isso cultuavam suas deidades ao ar livre.

A maioria das lendas e dos mitos celtas nos revelam a existência do Outro Mundo, oculto entre colinas, lagos, rios, névoas e bosques sagrados. Avalon é uma lenda, que através da ficção romanceada de Marion Zimmer nos leva aos textos de Mabinogion, Geoffrey de Monmouth, além dos contos mitológicos do Ciclo de Ulster, a Viagem de Mael Duin ou a Jornada de Melduin e os Immramas Sagrados, preservando assim todo o conhecimento ancestral deste povo.
Todavia, não devemos confundir a história com os princípios pela busca da espiritualidade, pois a nossa religiosidade não está apenas comprovada em fatos arqueológicos que, neste caso, servem para reforçar ainda mais, que as religiões politeístas buscam honrar os Deuses e equilibrar as energias da natureza dentro de nós, dando-nos a esperança de viver num mundo melhor e mais justo.
 Lembrando que, do ponto de vista da história das religiões, existem apenas três religiões monoteístas: o islamismo, o judaísmo e o cristianismo. Sendo assim, todas as demais religiões da pré-história, até a atualidade, são conhecidas como politeístas.

As crenças pagãs começaram a tomar forma na era paleolítica, aproximadamente há vinte e cinco mil anos atrás. Neste período, o ser humano era nômade, suas fontes de subsistência, basicamente, vinham da caça e da colheita. Além do mais, tudo era muito misterioso e assustador para eles, naquela época, como: o trovão, o sol, a lua e a escuridão.

O mundo era um lugar cheio de grandes perigos e forças estranhas, que deveriam ser temidas, respeitadas e reverenciadas. Com o tempo, o conceito dessas forças foi evoluindo para a idealização dos Deuses. Um dos primeiros e, o mais importante Deus primitivo, foi possivelmente Cernunnos, o Deus de Chifres, formando na mente do homem antigo, a idéia de um Deus da Caça com chifres, simbolizando a força e o poder, mas, erroneamente comparado ao 'diabo' na visão judaíco-cristã.

Contudo, não era apenas de caçadas que a tribo sobrevivia, havia o grande mistério da fertilidade. As tribos precisavam perpetuar a espécie e de tempos em tempos, a barriga das mulheres crescia e, no final de algumas luas, surgia mais um novo membro para a tribo. No inicio frágil e pequeno, mas com o passar dos meses crescia, tornando-se um ser grande e forte, dando garantia e continuidade às futuras gerações.

A mulher era a chave de todo esse mistério, um ser enigmático, que além de sangrar todo mês, sem que viesse a falecer. Ela era a responsável pela continuação do clã e também pela alimentação dos seus filhos, com o leite do seu próprio corpo.
 A partir dessa observação, surge então a Deusa da Fertilidade, dando origem às várias esculturas de figuras pré-históricas, como a famosa escultura de Vênus de Willendorf, destacando-se pelos seios enormes, o ventre volumoso e a vulva protuberante. Posteriormente, encontramos relatos sobre Dana com uma Deusa da fertilidade, considerada a mãe dos Deuses irlandeses.


"Mesmo na guerra as Deusas são proeminentes na Irlanda. Deuses celtas e os heróis são freqüentemente chamados depois do nome de suas mães e não de seus pais, e as mulheres em grande parte dos contos irlandeses, desempenham um papel muito importante. As Deusas dão seu nome aos grupos dos Deuses, suas ações são livres e sua personalidade é claramente definida." J.A. Macculloch - A Religião dos Antigos Celtas.
 Enfim, o paganismo é uma religião politeísta, que honra diversos Deuses e Deusas. Não existe o conceito de apenas uma única deidade, pois temos a visão da natureza como a Grande Mãe, embora ela não seja uma deidade específica, Ela é, para nós, a fonte criadora de toda a vida, de onde tudo veio e para onde tudo rertonará, inclusive os Deuses. Bênçãos plenas!